ENTREVISTA SOBRE AGROECOLOGIA COM ELIANE ALMEIDA

 AGROECOLOGIA REGIONAL

Ana Clara Fontes


Para uma produção ser considerada, de meios agroecológicos, é necessário carregar algumas características em seu desenvolvimento como, não utilizar insumos, preservar todo o percurso natural sem agredir ou matar, promover valores como inclusão, dignidade, equidade, e luta contra as desigualdades de gênero, a fim de buscar melhorias para jovens mulheres, a independência para as pessoas que produzem se tornarem donos de seus próprios negócios, assim como outros pontos. A partir disso, o centro regional de convivência e desenvolvimento agroecológico do Sudoeste baiano (CEDASB), fundado em 2006, com sede em Vitória da Conquista, atua de forma social na região do Sudoeste baiano, Médio Sudoeste e Médio Rio de Contas. A Cedasb realiza ações que atendem os agricultores e agricultoras familiares da região, permitindo a construção de suas próprias identidades da sua produção até a venda. Para falar melhor do Cedasb, a entrevistada foi Eliane Almeida, com 39 anos, sócia fundadora da organização, geógrafa, doutoranda em agroecologia pela Universidade Federal Rural de Pernambuco, nasceu em cândido do sales, mas, reside em Vitória da Conquista, ela  conta sobre Cedasb e sua relação com a organização social. 


1. Há quanto tempo trabalha no centro regional de convivência e desenvolvimento agroecológico do Sudoeste baiano?


 Eliane Almeida - Na realidade, eu sou sócia fundadora do Cedasb no qual foi         fundado em 2006. Nossa instituição nasce a partir da política pública em convivência com o semiárido, nascendo dentro dessa ideologia, dentro desse discurso. Buscando alternativas para viver bem, com dignidade, feliz e com abundância.

2. O que lhe incentivou a participar do centro regional de convivência e desenvolvimento agroecológico do Sudoeste baiano?


Eliane Almeida - Repare bem, sou filha de um lavrador e meu pai tinha barraquinha na feira, mas durante terça, quinta e sexta, ele estava em uma roça então desde pequena observava a vida de meu pai, que inclusive, era muito complicada, cresci  com essa familiaridade com aquele movimento desde pequena, embora, só consiga fazer essa análise hoje. Na minha caminhada aqui em Vitória da Conquista, trabalhei na cooperativa mista agropecuária de pequenos agricultores do Sudoeste baiano, e aí surge minha paixão, nesse processo de conhecer os desafios mas às tantas possibilidades da agricultura familiar, a partir da escuta, vivência daquelas pessoas que tive acesso. 

3.  Qual a relação da agroecologia com agricultura familiar ?


Eliane Almeida -. Quando a gente fala em agroecologia, estamos falando de uma agricultura familiar camponesa, que não significa dizer que ela não vá comercializar, só não vai ser o mercado que vai mandar na vida dela.

4. Como a agroecologia contribui para os agricultores na região, onde o Cedasb atua ?


Eliane Almeida -. O projeto com cisternas em 2006, por exemplo, a cisterna é um instrumento agroecológico porque  ela vem dizer o seguinte “olha, vamos captar a água que é natural, que vem da chuva, não vamos ficar degradando o meio ambiente, para construir grandes barragens, a precisa democratizar a água.” Então, aqui na região por onde passamos, os agricultores nem sabem o que é agroecologia, porque estão na fase inicial. O primeiro passo para entender a agroecologia, é entender como é sua relação com  a mãe terra, e precisa de metodologias participativas para causar neles uma auto reflexão, sem isso não consegue fazer nada. 

5. A respeito do agronegócio, você sente preocupação ao pensar que é um modelo que não respeita os agricultores nem a natureza?


Eliane Almeida-  Analisando a etimologia da palavra do "agronegócio" é negar o ócio, e a gente precisa do ócio para viver, e estão roubando isso da gente. É pauta de todo o governo do Brasil, porque insistem em dizer que é o agronegócio que gera riqueza. É muito complexo querer acabar com o agronegócio porque eles têm muito poder, mas assim, como não ser tão gritante essas diferenças orçamentária de um setor para outro, porque é gritante a diferença dos valores para sustentar o agronegócio e a agricultura familiar, então é pensar  como diminuir essa disparidade, para ter mais recursos para o meu povo, para melhorar nossas atividades.

6. Já teve algum momento com agricultores no Cedasb que te emocionou ?


Eliane Almeida- Todos. Eu sou chorona demais, o que mais me emocionou foi ver a felicidade deles, fazendo suco e falar assim “sente aí pra você ver, o gosto é bom” não tem preço a felicidade deles.


Eliane Almeida em frente a sede do Cedasb - créditos da foto: Ana Clara Fontes


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