MEMÓRIAS: CASARÕES ANTIGOS EM VITÓRIA DA CONQUISTA ESTÃO SENDO APAGADOS

 Os casarões históricos de Vitória da Conquista localizados no centro da cidade estão sendo derrubados para a construção de estacionamentos, o que leva a refletir sobre sua importância e memória. 

Todas as casas possuem suas belezas, histórias e singularidades e dentro delas constroem-se lares, laços. Os casarões antigos, por sua vez, carregam a memória de Vitória da Conquista e ao derrubar perde-se as lembranças conquistenses. 

“A medida que eu preservo uma parte da história eu tô contando apenas uma parte da história. A gente guarda uma parte da história quando a gente chega a preservar algum desses vestígios do passado, mas a gente tem que se perguntar, qual história tô preservando?”. Fala a historiadora Cleide Chaves, professora do departamento de história da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (Uesb). 

“Eu fico triste porque a gente fica sem vizinho, conheci todo mundo que já se foi, e que ainda tá vivo” diz Dona Tereza Melo, 65 anos, moradora da Rua 2 de julho desde pequena no qual relatou que a casa ao lado da sua está sendo derrubada para mais uma construção de estacionamento para a igreja Batista. Tereza emocionada faz questão de mostrar sua casa e o quão está preservada  guardando lembranças da sua falecida mãe, o que ameniza sua saudade. Só de olhar percebe-se que tudo está verdadeiramente intacto

O reconhecimento público oficial de um valor histórico, artístico ou cultural de uma cidade  se dá por meio do tombamento. Em Vitória da Conquista apenas três casas foram tombadas que estão localizadas na Praça Tancredo Neves, a Casa Memorial Régis Pacheco, em que residiu o médico e ex-governador da Bahia, foi tombada pela Prefeitura em 1998. Em 2000, o edifício da Praça Barão do Rio Branco no qual era a Rádio Clube, o Cine Ritz e o Grêmio Literário Castro Alves ena Barão do Rio Branco, o Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural (Ipac), vinculado à Secretaria de Cultura do Estado da Bahia, tombou a casa de dona zaza, em 2005.

Por sua vez, existem outros casarões antigos que também merecem os  seus devidos cuidados e preservação como o casarão citado aqui em que se localiza na Rua 2 de julho em que as derrubadas já estão em andamento para a construção do estacionamento, mas, ainda nota-se a sua beleza e seus belos  acabamentos da frente. Quem passa admirando o casarão rapidamente surge a pergunta “por que estão destruindo essa preciosidade?.” É o que diz Andréia, 35 anos, que ao passar em frente à casa para ir trabalhar todos os dias se pergunta. 

De acordo com o historiador Durval Lemos Menezes em que abordou especialmente no YouTube no canal do blog do Anderson sobre esses casarões, ele afirma que os casarões foram construídos na famosa “Rua Grande” que hoje é a Rua 2 de julho. Durval explica que o centro residencial de Vitória da Conquista se estabelecia nesta rua com casarões históricos de belezas surreais em que os donos eram a burguesia da cidade, como coronéis e fazendeiros.

 A Suíça Baiana está perdendo sua história ao destruir esses casarões. A falta do Poder Público Municipal para intervir é contraditório a fala do coordenador municipal de Cultura da Secretaria de Cultura, Turismo, Esporte e Lazer (Sectel), Alecxandre Melchisedeck em que no Dia Nacional do Patrimônio Histórico diz que “ A questão da preservação do patrimônio histórico é importante, pois é a história da nossa cidade, do nosso povo, que tem que ser preservada. Existe essa preocupação com a preservação do patrimônio histórico de Vitória da Conquista, que já era desejo do saudoso prefeito Herzem Gusmão e que nossa prefeita Sheila Lemos também tem como meta”. 

 “É preciso sim criar leis de tombamento, e no meu ponto de vista, fazer leis de tombamento muito mais amplas que não envolva apenas o patrimônio das elites” conclui a historiadora Cleide Chaves ao abordar sobre a necessidade de tombamentos. 


Foto: Ana Clara Fontes








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